quinta-feira, outubro 26, 2006

E eu olhei para o outro lado.

Droga. É a primeira palavra. Eles estavam todos lá, todos olhando para o mesmo lugar. E eu olhei para o outro lado. Sorte que estava sozinho. Todos me viram me repreendendo. Fui adorado como um Deus por 5,5 milésimos e então me disseram para ir pra casa repousar um pouco.
Depois de ser humilhado e expulsado de tal forma resolvi cair em depressão. Estava na minha cama, dando meus habituais amassos em Éris. Cara, como ela tava fogosa. Então o telefone não tocou. Eu xinguei alguém que eu não conhecia. Por sorte esse alguém não estava ali. Levei um soco tão forte que pensei: “nUnca mAis vOu xIngar aLguém”. Percebi que este pensamento belo tinha 5 palavras, e xinguei de novo. E eu olhei para o outro lado.
Tinha um pequeno corvo gigante na árvore ao lado. Pena que estava no quinto andar do prédio, se não eu saia pela janela. Saí pela janela para observar mais de perto. O corvo trazia pequenos pedaços de linho de uma fábrica de limonada ao lado e colocava no ninho. Perguntei “?Quantas toneladas de linho tem aí”. Não consegui obter a resposta, Éris me puxou pela camisa para a cama de novo. E eu olhei para o outro lado. Mas no fundo da minha mente eu sabia, eu sabia, ele tinha 5 toneladas de linho ali...
Voltei à Éris. Cara, você não imagina o que ela pode fazer com uma espiga de milho. Pelo menos não até ver alguém soltando pipoca pelo nariz...!!!!Não Coma Mu-Shu!!!!

Estava jogando Jo-ken-pô. “Ímpar, venci!”. E, pela 23ª vez, papel ganhou tesoura. E, peloamordeÉris isso já é de se esperar, eu olhei para o outro lado.

quinta-feira, outubro 19, 2006

O Nascimento de um Discordiano.

Yo!
Hail Éris! All Hail Discórdia!

Imagine-se chegando em casa um belo dia claro chuvoso e encontrando uma pequena Caixa Verde, endereçada à um tal de "Você, seu simpatizador Caracinza" e de remetente "Comunidade Discordiana & Éris".
Na época eu olhei para aquilo e disse "Mas que merda é essa?". Hoje em dia eu olho aquilo e digo "AHAHAAHAHAHAAHAHAHAHA-Fnord!". Mas isso não importa.
Peguei a pequena caixinha e averigüei-a.

I - Não era uma bomba.
II - Não parecia Anthrax.
3 - Não fedia.
B - Era verde e alegre.

Pensei "Ah, Whatever! É só um caixa verde" e inocentemente levei-a comigo. Isso foi, como diria o mestre Mushu Chao, meu "primeiro erro". Mas eu só conheci o mestre Mushu Chao muitos anos depois, então isso não im-PORTA também.
Tirei meu terno, minha gravata, meus sapatos apertados, deixei minha maleta de aparência altamente formal ao lado da minha escrivaninha, abri espaço entre a pilha de documentos sérios e pousei a pequena caixa ali.
Acho que fiquei alguma horas olhando pra'quela caixa em total estado de choque. "Mas que merda é essa?", repetia eu mentalmente. Então, finalmente tive coragem de abri-la... E o que encontrei lá dentro foi mais chocante ainda do que por fora.

1 - Monte de tirinhas de papel com coisas escritas.
W - Um CD-Rom com as místicas inscrições "Momomoto consegue engolir o próprio nariz".
423 - Uma maça pintada de dourado (amarelo escuro, na verdade) com a palavra "Kallisti" em preto.

De novo, imprescindívelmente, "Mas que merda é essa?". Comecei a ler os papéis com um ar embasbacado, que daria inveja em qualquer Ghurkanista casado. Acho que fiquei lendo e relendo aquelas pequenas pérolas de sabedoria discordiana por alguma horas, mas na semana seguinte toda só conseguia pensar naquilo como "versinhos completamente sem lógica ou sentido". Ah, na época eu não sabia, não sabia mesmo, me perdoe Ó grande Shemmie, mas isso tampouco IMP-orta.
Larguei aquilo tudo de lado e fui dormir. Tive um sonho estranho envolvendo maças douradas, macacos de focinho cinza, jovens risonhos jogando arroz por aí, um cara gordo com um barba enorme e com a Jennifer Connelly, mas isso não im-POR-ta, pois eu sempre sonho com a Jennifer Connellly.
No dia seguinte tudo de novo: acordar, banho, café já se arrumando, ônibus cheio, metrô lotado, chefe gritando e trabalho, trabalho, trabalho... Ah, parecia que minhas bolas estavam acorrentadas no chão daquele maldito cubículo escuro e frio, mais tarde o grande Ho Chi Ho Chi me disse que aquele cubículo era invenção de minha própria mente e que representava o quanto eu estava "fechado" para a Verdade. Mas isso não impor-TA.
Cheguei em casa e fui direto para aquela caixa verde. Era como se ela me chamasse, como a música encantadora das lagostas zumbis no outono. Peguei o cd, puxei meu notebook e então...

Tcham, tcham, tcham, tcham!

O "Principia Discordia", junto com outros livros discordianos e alguns textos escritos pelas pessoas que haviam mandado a tal caixa, a tal "Comunidade Discordiana".
Acho que vocês podem adivinhar o que aconteceu depois, afinal estou aqui... E isso foi há longos 10 anos atrás.
De lá até hoje eu: laguei o trabalho, passei 3 anos num templo Zen-Bela-Parrachiano-Discordiano, fui graduado Montanha Shimoniano, comprei meu membership card Subgeni (e vendi alguns), partipei de grandes ritos em todos os pontos cardeais ao Deusss Ghurka, cultuei UCRISSTO, pratiquei extensamente a Guerrilha Surrealista (e Terrorismo Poético), usei um saco plástico na cabeça, rezei para a Vaca Sagrada Que Voa, adorei ao Abacaxi Carismático, me curvei ao Frango Caolho, entre outros...

Hoje, finalmente, estou aqui (mentira) criando um blog para descrever as aventuras de um Reverendo Anarco-Discordiano (como se já não bastasse). O nome é uma singela homenagem aos meus salvadores (obrigado Shemmie!).

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Com Fnord,